sexta-feira, 2 de março de 2012

Laos

De Chiang Rai (Tailândia), partimos para a fronteira do Laos. Passamos o rio, carimbamos os passaportes e apanhamos um autocarro rumo a norte, a Luang Namtha.


Aqui, nesta vila isolada de tudo, relativamente perto da fronteira com a China (cerca de 40 Km), podem-se fazer boas caminhadas e conhecer algumas das minorias étnicas do Laos.
No 2º dia fizémos uma caminhada pelo parque national de Nam Ha e tivémos oportunidade de conhecer a aldeia dos Lanten e dos "Black Tai", no entanto a maior parte do tempo foi passado a desbravar floresta e a conhecer as propriedades médicas de plantas que nunca antes tínhamos visto na vida. Volta e meia o nosso guia parava, apontava para uma planta e dizia : " Esta planta é muito boa para malária, e esta é óptima para problemas digestivos". Nunca saberemos se havia alguma verdade no que ele nos disse ou se simplesmente esteve a brincar aos médicos do Amazonas o tempo todo.

O almoço

Lanten


Uma das melhores vantagens de termos participado neste "trekking" foi o grupo espectacular que conhecemos, com quem nos juntámos nessa mesma noite à volta de uma mesa a contar histórias, cantar músicas e a beber "Beer Lao" (a famosa cerveja do Laos conhecida por todos os mochileiros do sudeste asiático). O Grupo : Um casal ( ele Inglês, ela Italiana), uma rapariga Australiana, três Alemães e o Grego Dimitri que foi a melhor surpresa do grupo. Com cerca de 30 anos de idade, o Dimitri todos os anos trabalha durante o Verão como empregado de mesa na Grécia e depois viaja durante 6 meses. Já correu meio Mundo assim... Passou a noite toda a cantar uma música em português que aprendeu no Brasil durante uma das suas viagens.

Caminheiros

De Luang Nam Tha apanhamos uma carrinha de 10 lugares para Luang Prabang. Seguem-se 8 horas de curvas e contra-curvas numa estrada que é 10 metros pavimentada e depois outros 10 metros de terra e pedras, assim sucessivamente. Em caminho alguns ocidentais vão saindo e entram alguns Laoenses que de imediato colocam os sacos de enjoo com as asas por detrás das orelhas, prontos para o carrossel que é esta estrada. 

Laoense com saco para o enjoo nas orelhas!
Já a chegar ao destino o nosso condutor encosta na berma da estrada para comprar uma ratazana que colocou ( ainda viva) num saco. Quando lhe perguntámos para quê que ele comprou, ele respondeu : "For dinner, very good meat"! Não queríamos acreditar no que estávamos a ver!

Luang Prabang situa-se junto ao rio Mekong, com edifícios do tempo do colonialismo Francês, da antiga Indochina, esta cidade emana um charme Parisiense. É fácil perceber porque é que foi nomeada por algumas revistas de viagens como o melhor destino de férias dos últimos anos. Mesmo estando tão longe, diríamos que vale a pena para quem se desloca da Europa passar duas semaninhas por aqui. Fica a recomendação!


Escola Budista em Luang Prabang



Alojamo-nos no Tony 1 guesthouse. A Ana Rita negoceia o preço do quarto. O recepcionista pede 12 Eur a noite. A Ana responde que não pagamos mais que 8 Euros e ele cede. A poupar um euro de cada vez…

Vamos dar uma volta pelo mercado nocturno que se realiza todos os dias na zona antiga e central da cidade, depois segue-se um jantar acompanhado do batido de frutas mais barato que encontrámos até agora (50 Cent de Eur). Daqui em diante, todos os dias passados em Luang Prabang vimos aqui beber a nossa fruta diária. Ao final da noite acabamos no Utopia, um dos melhores bares da cidade, com um ambiente “chill Out” que encaixa perfeitamente no Sudeste Asiático.

Mercado nocturno

Passamos dois dias no “dolce fare niente”. Volta e meia gostamos de o fazer (ou não fazer, neste caso), para recuperar forças para depois retomarmos o ritmo que temos levado nos últimos tempos. Estes dois dias resumem-se a dormir, comer, beber batidos de frutas “caríssimos”, ler, passear junto ao rio, e navegar um pouco na Internet. 


Durante um destes passeios entramos numa livraria/café onde conhecemos uma Canadiana de cerca de 65 anos, a proprietária. Quando lhe dizemos que somos Portugueses desmancha-se em sorrisos e diz-nos orgulhosamente que ela própria tem ascendência Lusa. O seu Avô, um “Silva”, também era Português e isso suscitou nela uma enorme curiosidade pela nossa cultura. 

Diz-nos que gosta muito de Amália Rodrigues. E nós, através do Youtube, apresentamos-lhe a Mariza. Assim que ouvimos a guitarrada, a  “Gente da minha Terra” transporta-nos para casa, para a nossa terra, para a nossa gente, para vocês. Isto pode parecer ridículo, ainda só passaram 3 meses desde que partimos, mas os primeiros acordes da guitarra Portuguesa já são suficientes para abrir as portas a uma invasão de Saudade. Os olhos ficam mais brilhantes, e a voz começa a falhar. Felizmente a Luso/Canadiana carrega no “Pause” e diz que vai deixar para ouvir mais tarde. Obrigado, seria um pouco embaraçoso se começássemos os dois ali a choramingar no meio da livraria…

Mas sim, temos saudades. Queremos voltar, depois de termos concluído este nosso objectivo, esta nossa missão. Volta e meia alguém nos pergunta como é que está a situação económica em Portugal. Quando lhes dizemos que 30% dos jovens estão desempregados, e que a situação ainda está longe de começar a melhorar, as pessoas perguntam-nos: Então e vocês querem voltar, porquê? E aí percebemos, que só nós o sabemos. Só nós sabemos o quão bom é voltar a casa, o quão bom é o nosso Portugal. Apesar da economia, da desorganização e de muitas outras coisas menos boas, imediatamente gabamos o nosso bom tempo, as nossas praias, a nossa Lisboa, a nossa comida, toda a nossa cultura e claro está, a nossa Família e amigos, o mais importante. Sim, viajar é bom, é óptimo, mas sempre com o intuito de um dia voltarmos a onde pertencemos, a casa.

Continuando em Luang Prabang… Vamos visitar as cascatas de Kuang Si. Vamos de Tuc-Tuc com um grupo : Um casal Australiano, dois irmãos Alemães e um rapaz Americano do Alaska. À entrada está uma rede que veda o território dos Ursos. Não os imaginava-mos tão ágeis…
As cascatas revelam-se as mais bonitas que vimos até hoje. A água não é quente, mas é claríssima, damos um mergulho, fazemos um mini-trekking pela floresta e almoçamos no parque.






Passadas 3 horas, à hora combinada com o condutor do Tuc-Tuc para regressarmos à cidade, estamos todos presentes excepto o Norte Americano do Alaska. Passados 45 minutos da hora marcada começamos a ficar preocupados e vamos à procura dele. Assim que iniciamos a busca lá aparece ele, com a t-shirt, calções, e cara cheia de terra e ervas. Vinha feliz por ainda estarmos à espera dele. Explicou-nos que se tinha perdido enquanto se aventurava pela floresta… Ninguém conseguiu conter as gargalhadas.


No dia da partida madrugamos para ver uma cerimónia que acontece por todo o Laos, e noutros países do Sudeste Asiático, mas aqui em Luang Prabang, devido ao elevado número de templos e escolas budistas na região, esta toma grandes proporções. Todos os dias, os monges passam na rua, num percurso previamente definido, e as pessoas (os locais e alguns turistas que se juntam à cerimónia) alinham-se ao longo da rua com comida que depois dão aos monges que passam. Estas “doações”, normalmente são a única comida que os monges budistas comem durante todo o dia. Uma cerimónia que justifica o despertador matinal.





De Luang Prabang partimos para Vang Vieng. Mais uma vez segue-se uma estrada de curvas “infinitas” acompanhada de paisagens espectaculares de florestas densas intermináveis. A meio caminho um furo na carrinha empata-nos durante quase 1 hora. Chegamos a Vang Vieng.



Vang Vieng é a terra do “ tubing”, diversão conhecidíssima no Sudeste Asiático pela festa, pela adrenalina e pelo perigo.  Basicamente esta aventura consiste em jovens que descem o rio em boias enquanto vão parando em bares ao longo do mesmo. Muita bebida, muita gente, correntes fortes, rochas, dá asneira ! Em média morre mais de um turista por mês nesta aventura. Só em Janeiro deste ano morreram 2. Decidimos não ir, ainda temos muitos anos de vida pela frente, muito Mundo para percorrer. Optamos então por alugar umas bicicletas e fazer um percurso pelas aldeias que rodeiam a vila e acabamos a passar a tarde na “lagoa azul”.

Lagoa azul

Para passar a ponte tínhamos de pagar "portagem". Seguimos o caminho mais barato...
Bomba de gasolina a caminho da Lagoa Azul

Tham Phu Kham
Depois de Vang Vieng partimos para Vientiane, a capital do Laos. A cidade tem um ambiente tranquilo. Ficamos por aqui duas noites. Aproveitamos para planear os próximos 15 dias na Tailândia. Prevê-se muita, muita praia. 

De Vientiane seguimos para Nong Khai (Tailândia), onde apanhámos um comboio para Bangkok novamente. Seguem-se 12 horas numa cama num comboio nocturno. Para quem tem treino de 3ª classe em comboios Chineses, isto é um Hotel de 5 estrelas:) 

 Até à próxima!!!



4 comentários:

  1. Belos bronzes, sim senhora!! :)

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    1. Muito trabalhinho MC!:) Pelo que sei o Inverno aí no nosso Portugal também está a ser bastante solarengo! Beijinhos.

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  2. Eu também quero!!! Que experiência fantástica!!E que sorrisos!
    Beijinhos para os meus mochileiros favoritos!

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