terça-feira, 22 de maio de 2012

Welcome to the Land of Oz: The Aussie Land!

Amigos mochileiros, a nossa falta de assiduidade é indesculpável. Acontece que depois da Dengue, estes mochileiros foram “atacados” pelo animal mais feroz de todos os tempos que é capaz de derrubar o mochileiro mais aventureiro do Mundo, a preguiça.

Tentaremos compensar com um óptimo post.

Chegados a Darwin, a primeira preocupação foi: E se no aeroporto testam a febre (como fazem em muitos países no Sudeste Asiático) e percebem que o André está doente, e não o deixam passar? O que é que acontece? Provavelmente iriam colocá-lo em quarentena. Não chegámos a confirmar. Passou tudo menos uns dentes de alho e outras coisas que trazíamos na mochila.

O Chris, o nosso anfitrião de Couchsurfing veio nos receber ao aeroporto. Passemos às apresentações: O Chris é um Australiano, na casa dos 35-40 anos de idade que tem um problema de audição, com tal usa uns implantes que lhe permitem comunicar, no entanto a dicção não é a melhor. Assim que entramos no carro, o Chris simpatiquíssimo, dá-nos as boas vindas e faz-nos umas perguntas em relação à nossa viagem. Eu (André) respondo, olho pelo retrovisor e vejo os olhos desesperados da Ana Rita que me diz em modo silencioso: “ Não consigo perceber nada do que ele diz”! O sotaque Australiano aliado à sua dicção formam uma dupla difícil de traduzir.

Chegados a casa do Chris conhecemos os nossos novos amigos Couchsurfers que também se encontram em viagem: Os Belgas Koen e Jonas e o Alemão Eugene que se apresenta: “ Olá, eu sou o Eugene, o único mochileiro deprimido”. Aparentemente, já no final de uma viagem de 18 meses a solo, o Eugene está ansioso por voltar para casa.

Couchsurfers!!!

É com estes 3 novos amigos que vamos partilhar a nossa estadia em Darwin. O Chris fica 2 noites e depois parte de férias para Cairns. E sim, deixa a chave de casa a 5 completos estranhos durante mais uns quantos dias. Limita-se a dizer : “ Não me deixem a casa suja e apaguem as luzes antes de sair por favor”. Há pessoas fantásticas, não é verdade? No entanto, a invulgaridade da situação não fica por aqui. Uns dias antes, quando pedimos ao Chris para “ surfar “ o sofá dele, ele respondeu-nos: “ Com certeza que podem cá ficar, mas confirmem que leram bem o meu perfil. É que eu sou naturalista, ou seja, é bem possível que vocês cheguem cá a casa e eu esteja a cozinhar todo nu, ou sentado a ver televisão como vim ao Mundo”. Ao que nós pensámos: “mmmm, isto vai ser interessante”. Sim, sem problema, respondemos.

Acontece que durante a nossa estadia, só a Ana Rita teve o “prazer” de visualizar o nosso amigo Chris, e tudo o que ele tem para mostrar. Eu, André, estava ocupado na minha luta contra a Dengue.

Quando o Chris foi de férias, os Belgas e o Alemão partilharam connosco algumas histórias engraçadas, passadas uns dias antes de nós chegarmos. Aparentemente, o Chris avisou-nos que era Naturalista, e qualquer pessoa poderia ver isso no perfil dele do Couchsurfing. Mas acontece que algumas pessoas não leram o perfil nem foram avisadas como tal foram surpreendidas por um Australiano com uma barriga enorme, sentado no sofá, a ver televisão, todo nu. Aposto que nunca mais se vão esquecer dessas férias.


A nossa estadia em Darwin prolongou-se devido à Febre Dengue. Depois da 1ª ida ao Hospital em Darwin, e de uma conta de 280 Dólares que ainda estamos a tentar “resolver” com o nosso seguro, fomos instruídos para regressar dois dias mais tarde, para ver se o número baixo de plaquetas sanguíneas e a baixa pressão arterial já estavam em valores mais “normais”. Entretanto, também nos questionaram sobre os nossos planos na Austrália. Ao que nós descrevemos : Alugar um carro, conduzir 2 dias para Sul até à Ayers Rock e depois para Este, para percorrer a costa até Sydney. Pois bem, devido à febre Dengue tivemos que alterar os nossos planos. O departamento de doenças infecciosas Australiano pediu-nos para não irmos à zona da Ayer´s Rock pela existência de um mosquito que se mordesse o André, provavelmente iniciaria um surto de Dengue. Não queremos ter esse peso na nossa consciência, cumpriremos com o que nos foi pedido. 

Despedimo-nos dos nossos amigos Couchsurfers e partimos na nossa nova “casa” a carrinha Ford Falcon cinza de matricula WNB 840 de New South Wales. 




Conduzimos rumo a Sul. 

Os 6000 Km que nos esperam!


 Ao final de 300 Km paramos na zona de Katherine, no parque natural Litchfield para uma pequena caminhada e uns mergulhos na cascata Florence.





Os Australianos estavam de férias de Páscoa!

Estacionamos para passar a noite numa área de descanso cerca de 100 km à frente. Não queremos conduzir de noite por vários motivos. 1º porque vários animais atravessam a estrada de noite, o que seria perigoso para nós e para eles. 2º, o seguro do carro não cobre acidentes que ocorram de noite (precisamente porque os acidentes com animais são comuns). 

Dado que nesta altura do ano anoitece cedo, dávamos por nós a jantar às 19h e a preparamo-nos para dormir às 20h30. Às 6H30 acordávamos com o Sol, tomávamos o pequeno almoço e fazíamo-nos à estrada.

Viajar pela Austrália de carro é fácil. Pelo caminho encontramos centenas de áreas para descansar/dormir equipadas com casas de banho e por vezes, até com barbecues para cozinhar.  

O que também vimos, a atravessar a estrada, foi aquele animal que é a imagem deste País enorme, o Canguru. Infelizmente a maior parte dos Cangurus que vimos estavam mortos a beira da estrada, vítimas de atropelamentos…

Fato curioso : O nome Canguru teve origem no século XVIII. Quando os navegadores Ingleses chegaram à Austrália, viram estes animais que nunca tinham visto antes na vida e perguntaram aos aborígenes qual o nome do animal, ao que eles responderam : Canguru. O que em aborígene significa: “ Não te entendo”. O nome pegou.






Os famosos "Road trains". Podem ter até 54 metros de comprimento!




No segundo dia de viagem temos como objectivo conduzir pelo deserto 650 km, até Tennant Creek. Em estradas de uma só faixa, quem está na estrada são os camiões enormes, as autocaravanas e uns poucos carros. Não é propriamente uma estrada muito movimentada. A paisagem vai “secando” à medida que os Km avançam e as povoações estão separadas por centenas de Km umas das outras. Em cada povoação perguntamo-nos, como é que estas pessoas vivem aqui? Tão isoladas de tudo. A rede de telemóvel é fraquíssima, ou inexistente.


Na 2ª noite estacionamos numa área no meio do deserto. Evitamos abrir as portas e as janelas por causa das centenas de moscas que querem entrar no na nossa Ford Falcon. Vale-nos a rede mosquiteira. Quando anoitece, além das moscas, também queremos evitar todos os animais que andam lá por fora. Para quem não sabe, a Austrália é a casa dos animais mais venenosos e perigosos do Mundo. Tem mais animais mortíferos que em qualquer outro ponto no Planeta. Das 10 cobras mais venenosas do Mundo 6 habitam na Austrália. Tal como a aranha mais venenosa , a “funnel Web Spider” e o animal mais venenoso de todos a “box jelly fish” que já matou mais pessoas na Austrália que os crocodilos, tubarões e muitos outros animais todos juntos.




Os avisos são constantes!

3º dia : Mais uma vez, madrugamos, comemos os nosso cereais matinais e partimos rumo a Este. O objectivo do dia é completar outros 600 Km. A paisagem é uniforme, plana, com poucas árvores e poucas povoações, é o deserto Australiano. De vez em quando paramos o carro para umas fotos. Podemos andar à vontade no meio da estrada porque avistamos qualquer carro a mais de 10 Km de distância. As viaturas que circulam pelo deserto são tão poucas que, quando dois carros se cruzam, cumprimentam-se com um aceno, como quem diz : Força aí amigo, a próxima povoação é já “ao virar da esquina”, a 350 km. Há que estar atento ao indicador de combustível, não queremos ficar sem gasolina no meio do deserto. Hoje em dia, acontece com menos frequência, mas aparentemente os casos de avaria rapidamente se tornam em casos de desidratação dos passageiros. Daí, a seguir à gasolina, o 2º liquido mais importante a bordo é a água.

Neste dia temos uma grande cidade no nosso trajecto: Mount Isa. Esta cidade começou por alojar os trabalhadores das minas, e mais tarde, as suas famílias. Hoje em dia é um ponto de referência no interior da Austrália, o chamado o “Outback” ou “the bush”. 


Red dust...
 Tal como a maioria das povoações que vamos encontrando pelo caminho, não se vê muitas pessoas na rua. Aparentemente 90% da população vive nas zonas costeiras. Até chegarmos a Cairns temos sempre a sensação que os Australianos estão escondidos em casa e que a qualquer momento vão nos aparecer á frente e gritar : SURPRESAAA !! Mas não, não há surpresa nenhuma, a Austrália é simplesmente um dos países com a taxa demográfica mais baixa do Mundo. Tem praticamente o dobro da população de Portugal só que é cerca de 84 vezes maior!


Julia Creek (entre Mount Isa e Townsville)
 Na nossa 3ª noite pernoitamos, mais uma vez, no deserto. Por aqui conhecemos a Lisa e o seu Pai Greg que anda a levar a filha de 1 ano a passear pela Austrália de autocaravana. Jantamos um bom bife à luz das estrelas (segundo o nosso amigo Google, no deserto, uma pessoa consegue ver a olho nu 5780 estrelas!! ), vemos um filme no computador e descansamos para no dia seguinte alcançarmos finalmente a costa Este. 

Os primeiros bifes em 5 meses...



 Próximo destino : Townsville.

Prometemos que não vos vamos fazer esperar tanto tempo pelo próximo post… 

Durante esta nossa viagem pelo "Outback" Australiano tivemos o nosso primeiro contacto com o povo Aborígene. Falamo-vos disso brevemente! Fica prometido.

Beijos e abraços do André e da Ana Rita










4 comentários:

  1. A viagem continua, e não há mosquito que a pare...mas que atrapalha, atrapalha. Sendo frequente nas terras asiáticas, os médicos estão preparados para vos medicar e instruir, mas de qualquer modo aqui vão umas dicas:
    EVITAR café, leite, refrigerantes e remédios à base de ácido acetil salicílico como melhoral, alka-seltzer, etc.
    USAR e abusar de água, chás sem cafeina e sucos, podedo usar medicamentos de paracetamol.
    Para evitar novas picadas, caso o primeiro mosquito tenha avisado o resto da família que o sangue do André era de ótima qualidade ( não fosse ele Português), produtos à base de citronela em forma de spray, óleo ou loção para "besuntar" o cabedal, e velas ou incenso para a "residência" ambulante ou fixa. Não sei se é fácil encontar, mas vale a pena tentar. Outra opção é ter um mata-moscas manual...
    Obrigado pelas vossas notícias. Continuação de boa viagem, e deêm cabo dessa melga!
    Abraços e beijos

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    1. Caro Dr João. É bom saber que, apesar do nosso atraso nas publicações, continua um dos seguidores mais assíduos do blog. Os seus conselhos serão especialmente úteis na fase final da nossa viagem, no Rio de Janeiro. Segundo sabemos, os casos de Dengue por terras cariocas são bem frequentes. Como tal iremos tomar todas as precauções.

      Obrigado por tudo. Beijos,abraços e até breve.

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  2. Morales, meu amigo! Como é que estás ?? É verdade, apesar de longe de casa, passei um óptimo dia. É bom saber que estás desse lado a "seguir-nos" :)! Quando regressarmos a Portugal fazemos o tal jantar e então formalizamos as apresentações, sim?

    Obrigado pela mensagem :))) !!

    Um grande abraço meu e bjs da Ana Rita

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  3. Eu penso que o motorista do roadtrain tem 2 alternativas para inspecionar o último reboque: ou vai de moto standby ou desengata o truck utilizando-o na longa viagem de retorno...:)

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