sábado, 24 de março de 2012

Tás a ver...

O nosso amigo David parte hoje de Londres para se encontrar connosco em Jakarta e partimos juntos rumo a Bali. Partilhou connosco uma música do Gabriel o Pensador através do Facebook. Escolha musical perfeita Dávi! Partilhamos com vocês.




Estás a ver o que eu estou a ver?
Estás a ver estás a perceber?
Estás a ouvir o que eu estou a dizer?
Estás a ouvir estás a perceber?

Eu tenho visto tanta coisa nesse meu caminho
Nessa nossa trilha que eu não ando sozinho
Tenho visto tanta coisa tanta cena
Mais enbaquitante do que qualquer filme de cinema
E se milhares de filmes não traduzem nem reproduzem
A amplitude do que eu tenho visto

Não vou mentir pra mim mesmo acreditando
Que uma música é capaz de expressar tudo isso
Não vou mentir pra mim mesmo acreditando
Mas eu preciso acreditar na comunicação
Mas eu preciso acreditar na...
Não há melhor antídoto pra solidão
E é por isso que eu não fico satisfeito
Em sentir o que eu sinto
Se o que eu sinto fica só no meu peito
Por mas que eu seja egoísta
Aprendi a dividir as emoções e os seus efeitos
Sei que o mundo é um novelo uma só corrente
Posso vê-lo por seus belos elos transparentes
Mudam cores e valores mas tá tudo junto
Por mas que eu saiba eu ainda pergunto

Tás a ver a vida como ela é?
Tás a ver a vida como tem que ser?
Tás a ver a vida como agente quer?
Tás a ver a vida pra gente viver?

Nossa vida é feita
De pequenos nadas

Tás a ver a linha do horizonte?
A levitar, a evitar que o céu se desmonte
Foi seguindo essa linha que notei que o mar
Na verdade é uma ponte
Atravessei e fui a outros litorais
E no começo eu reparei nas diferenças
Mas com o tempo eu percebi
E cada vez percebo mais
Como as vidas são iguais
Muito mais do que se pensa
Mudam as caras
Mas todas podem ter as mesmas expressões
Mudam as línguas mas todas têm
Suas palavras carinhosas e os seus calões
As orações e os deuses também variam
Mas o alívio que eles trazem vem do mesmo lugar
Mudam os olhos e tudo que eles olham
Mas quando molham todos olham com o mesmo olhar
Seja onde for uma lágrima de dor
Tem apenas um sabor e uma única aparência
A palavra saudade só existe em português
Mas nunca faltam nomes se o assunto é ausência
A solidão apavora mas a nova amizade encoraja
E é por isso que agente viaja
Procurando um reencontro uma descoberta
Que compense a nossa mas recente despedida
Nosso peito muitas às vezes aperta
Nossa rota é incerta
Mas o que não incerto na vida?

Tás a ver a vida como ela é?
Tás a ver a vida como tem que ser?
Tás a ver a vida como agente quer?
Tás a ver a vida pra gente viver?

Nossa vida é feita
De pequenos nadas

A vida é feita de pequenos nadas
Que agente saboreia, mas não dá valor
Um pensamento, uma palavra, uma risada
Uma noite enluarada ou um sol a se pôr
Um bom dia, um boa tarde, um por favor
Simpatia é quase amor
Uma luz acendendo, uma barriga crescendo
Uma criança nascendo, obrigado senhor
Seja lá quem for o senhor
Seja lá quem for a senhora
A quem quiser me ouvir e a mim mesmo
Preciso dizer tudo que eu estou dizendo agora
Preciso acreditar na comunicação
Não há melhor antídoto pra solidão
E é por isso que eu não fico satisfeito em sentir o que eu sinto
Se o que sinto fica só no meu peito
Por mais que eu seja egoísta
Aprendi a dividi minhas derrotas e minhas conquistas
Nada disso me pertence
É tudo temporário no tapete voador do calendário
Já que temos forças pra somar e dividir
Enquanto estivermos aqui
Se me ouvires cantando, canta comigo
Se me vires chorando, sorri

Tás a ver a vida como ela é?
Tás a ver a vida como tem que ser?
Tás a ver a vida como agente quer?
Tás a ver a vida pra gente viver?

Nossa vida é feita
De pequenos nadas

sexta-feira, 16 de março de 2012

Tailândia: Rumo a Sul!

Para partir para qualquer ponto na Tailândia, o melhor é sempre ir a Bangkok, o local de partida para aceder a qualquer ponto neste País. Foi isso que fizémos.



Dado que vamos chegar e partir de comboio, desta vez escolhemos ficar alojados mais perto da estação ferroviária. Chegamos de madrugada, encontramos alojamento e vamos dar um passeio pela China Town e pela zona de Siam.







Para terminar este nosso dia com ainda mais classe e nos despedirmos de Bangkok, subimos ao 61º andar do Hotel Banyantree, para nos refrescármos com uma bebida no Vertigo and Moon Bar, acompanhados de um pôr do sol espetacular. Para quem quiser ver mais do bar, aqui fica um link, vejam a “360º Virtual Tour” no lado direito da página! http://www.banyantree.com/en/bangkok/experience_the_resort/dining/vertigo_and_moon_bar  






Partimos na noite seguinte, num comboio nocturno rumo a Sul, a Chumphon. Chegámos de madrugada....





Aqui, apanhamos um autocarro e um barco para Ko Tao, a nossa primeira ilha Tailandesa que se situa na costa Este no Golfo da Tailândia.

Sem alojamento marcado, nas ilhas apercebemo-nos que não é assim tão fácil encontrar alojamento tão barato como nas cidades, no entanto vamos arriscando, e vai nos correndo bem. A sorte protege os audazes. 

De mochila às costas vamos correndo os hotéis e estes, ou são fora do nosso orçamento, ou estão cheios. Mais à frente, com alguma persistência, lá encontramos um quarto a 8 Euros (300 Bahts), a noite a cerca de 10 metros da praia… Pode parecer fácil, mas não é! A praia cansa! :) (Private joke!).
Ko Tao, a ilha tartaruga (Ko = Ilha, Tao = Tartaruga) cobre uma área de 21 km2. A água é quente, translucida e com bastantes formações de coral, o que torna esta ilha um paraíso para fazer mergulho no sul da Tailândia. 
Vejam por vocês!













Após 4 dias e 3 noites muito bem passados em Ko Tao seguimos de barco para a sua irmã mais velha, Ko Phangan. Esta ilha é famosa pela “full moon party” que atrai centenas de pessoas a cada lua cheia. Infelizmente o nosso calendário não bateu certo com a festa. No entanto, a ilha tem muito mais para ver que a festa. 

A melhor maneira, não necessariamente a mais segura, de conhecer a área é mesmo alugar uma mota e “correr” as estradas aos altos e baixos, tipo montanha russa, à volta da ilha.


 





De Ko Phangan partimos rumo à "Andaman coast", a costa Oeste, para a famosa Ko Phi Phi

2 autocarros e 2 barcos mais tarde, lá chegamos à ilha que muitas pessoas consideram como a mais bonita da Tailândia.

 Ko Phi Phi é conhecida tanto por boas como por más razões. Foi uma das ilhas que foi atingida e devastada pelo tsunami de 26 de Dezembro de 2004 e foi também a ilha onde foi filmado o filme “ A praia”, considerada a praia perfeita! 
Aqui ficámos a conhecer as chuvas tropicais do final da tarde do Sudeste Asiático. Todos os dias, por volta das 18-19 horas uma chuva intensa, acompanhada de fortes trovoadas, faziam parecer que a ilha se ia inundar debaixo de tanta água. 




Partimos de Ko Phi Phi com a barriga cheia de praia, de boa comida, de muita leitura e bem com a vida. Não é possível ser de outra forma… Espera-nos mais uma fronteira rumo à Malásia.



Até à próxima!!! 

Beijinhos e abraços dos vossos mochileiros favoritos :)

sexta-feira, 2 de março de 2012

Laos

De Chiang Rai (Tailândia), partimos para a fronteira do Laos. Passamos o rio, carimbamos os passaportes e apanhamos um autocarro rumo a norte, a Luang Namtha.


Aqui, nesta vila isolada de tudo, relativamente perto da fronteira com a China (cerca de 40 Km), podem-se fazer boas caminhadas e conhecer algumas das minorias étnicas do Laos.
No 2º dia fizémos uma caminhada pelo parque national de Nam Ha e tivémos oportunidade de conhecer a aldeia dos Lanten e dos "Black Tai", no entanto a maior parte do tempo foi passado a desbravar floresta e a conhecer as propriedades médicas de plantas que nunca antes tínhamos visto na vida. Volta e meia o nosso guia parava, apontava para uma planta e dizia : " Esta planta é muito boa para malária, e esta é óptima para problemas digestivos". Nunca saberemos se havia alguma verdade no que ele nos disse ou se simplesmente esteve a brincar aos médicos do Amazonas o tempo todo.

O almoço

Lanten


Uma das melhores vantagens de termos participado neste "trekking" foi o grupo espectacular que conhecemos, com quem nos juntámos nessa mesma noite à volta de uma mesa a contar histórias, cantar músicas e a beber "Beer Lao" (a famosa cerveja do Laos conhecida por todos os mochileiros do sudeste asiático). O Grupo : Um casal ( ele Inglês, ela Italiana), uma rapariga Australiana, três Alemães e o Grego Dimitri que foi a melhor surpresa do grupo. Com cerca de 30 anos de idade, o Dimitri todos os anos trabalha durante o Verão como empregado de mesa na Grécia e depois viaja durante 6 meses. Já correu meio Mundo assim... Passou a noite toda a cantar uma música em português que aprendeu no Brasil durante uma das suas viagens.

Caminheiros

De Luang Nam Tha apanhamos uma carrinha de 10 lugares para Luang Prabang. Seguem-se 8 horas de curvas e contra-curvas numa estrada que é 10 metros pavimentada e depois outros 10 metros de terra e pedras, assim sucessivamente. Em caminho alguns ocidentais vão saindo e entram alguns Laoenses que de imediato colocam os sacos de enjoo com as asas por detrás das orelhas, prontos para o carrossel que é esta estrada. 

Laoense com saco para o enjoo nas orelhas!
Já a chegar ao destino o nosso condutor encosta na berma da estrada para comprar uma ratazana que colocou ( ainda viva) num saco. Quando lhe perguntámos para quê que ele comprou, ele respondeu : "For dinner, very good meat"! Não queríamos acreditar no que estávamos a ver!

Luang Prabang situa-se junto ao rio Mekong, com edifícios do tempo do colonialismo Francês, da antiga Indochina, esta cidade emana um charme Parisiense. É fácil perceber porque é que foi nomeada por algumas revistas de viagens como o melhor destino de férias dos últimos anos. Mesmo estando tão longe, diríamos que vale a pena para quem se desloca da Europa passar duas semaninhas por aqui. Fica a recomendação!


Escola Budista em Luang Prabang



Alojamo-nos no Tony 1 guesthouse. A Ana Rita negoceia o preço do quarto. O recepcionista pede 12 Eur a noite. A Ana responde que não pagamos mais que 8 Euros e ele cede. A poupar um euro de cada vez…

Vamos dar uma volta pelo mercado nocturno que se realiza todos os dias na zona antiga e central da cidade, depois segue-se um jantar acompanhado do batido de frutas mais barato que encontrámos até agora (50 Cent de Eur). Daqui em diante, todos os dias passados em Luang Prabang vimos aqui beber a nossa fruta diária. Ao final da noite acabamos no Utopia, um dos melhores bares da cidade, com um ambiente “chill Out” que encaixa perfeitamente no Sudeste Asiático.

Mercado nocturno

Passamos dois dias no “dolce fare niente”. Volta e meia gostamos de o fazer (ou não fazer, neste caso), para recuperar forças para depois retomarmos o ritmo que temos levado nos últimos tempos. Estes dois dias resumem-se a dormir, comer, beber batidos de frutas “caríssimos”, ler, passear junto ao rio, e navegar um pouco na Internet. 


Durante um destes passeios entramos numa livraria/café onde conhecemos uma Canadiana de cerca de 65 anos, a proprietária. Quando lhe dizemos que somos Portugueses desmancha-se em sorrisos e diz-nos orgulhosamente que ela própria tem ascendência Lusa. O seu Avô, um “Silva”, também era Português e isso suscitou nela uma enorme curiosidade pela nossa cultura. 

Diz-nos que gosta muito de Amália Rodrigues. E nós, através do Youtube, apresentamos-lhe a Mariza. Assim que ouvimos a guitarrada, a  “Gente da minha Terra” transporta-nos para casa, para a nossa terra, para a nossa gente, para vocês. Isto pode parecer ridículo, ainda só passaram 3 meses desde que partimos, mas os primeiros acordes da guitarra Portuguesa já são suficientes para abrir as portas a uma invasão de Saudade. Os olhos ficam mais brilhantes, e a voz começa a falhar. Felizmente a Luso/Canadiana carrega no “Pause” e diz que vai deixar para ouvir mais tarde. Obrigado, seria um pouco embaraçoso se começássemos os dois ali a choramingar no meio da livraria…

Mas sim, temos saudades. Queremos voltar, depois de termos concluído este nosso objectivo, esta nossa missão. Volta e meia alguém nos pergunta como é que está a situação económica em Portugal. Quando lhes dizemos que 30% dos jovens estão desempregados, e que a situação ainda está longe de começar a melhorar, as pessoas perguntam-nos: Então e vocês querem voltar, porquê? E aí percebemos, que só nós o sabemos. Só nós sabemos o quão bom é voltar a casa, o quão bom é o nosso Portugal. Apesar da economia, da desorganização e de muitas outras coisas menos boas, imediatamente gabamos o nosso bom tempo, as nossas praias, a nossa Lisboa, a nossa comida, toda a nossa cultura e claro está, a nossa Família e amigos, o mais importante. Sim, viajar é bom, é óptimo, mas sempre com o intuito de um dia voltarmos a onde pertencemos, a casa.

Continuando em Luang Prabang… Vamos visitar as cascatas de Kuang Si. Vamos de Tuc-Tuc com um grupo : Um casal Australiano, dois irmãos Alemães e um rapaz Americano do Alaska. À entrada está uma rede que veda o território dos Ursos. Não os imaginava-mos tão ágeis…
As cascatas revelam-se as mais bonitas que vimos até hoje. A água não é quente, mas é claríssima, damos um mergulho, fazemos um mini-trekking pela floresta e almoçamos no parque.






Passadas 3 horas, à hora combinada com o condutor do Tuc-Tuc para regressarmos à cidade, estamos todos presentes excepto o Norte Americano do Alaska. Passados 45 minutos da hora marcada começamos a ficar preocupados e vamos à procura dele. Assim que iniciamos a busca lá aparece ele, com a t-shirt, calções, e cara cheia de terra e ervas. Vinha feliz por ainda estarmos à espera dele. Explicou-nos que se tinha perdido enquanto se aventurava pela floresta… Ninguém conseguiu conter as gargalhadas.


No dia da partida madrugamos para ver uma cerimónia que acontece por todo o Laos, e noutros países do Sudeste Asiático, mas aqui em Luang Prabang, devido ao elevado número de templos e escolas budistas na região, esta toma grandes proporções. Todos os dias, os monges passam na rua, num percurso previamente definido, e as pessoas (os locais e alguns turistas que se juntam à cerimónia) alinham-se ao longo da rua com comida que depois dão aos monges que passam. Estas “doações”, normalmente são a única comida que os monges budistas comem durante todo o dia. Uma cerimónia que justifica o despertador matinal.





De Luang Prabang partimos para Vang Vieng. Mais uma vez segue-se uma estrada de curvas “infinitas” acompanhada de paisagens espectaculares de florestas densas intermináveis. A meio caminho um furo na carrinha empata-nos durante quase 1 hora. Chegamos a Vang Vieng.



Vang Vieng é a terra do “ tubing”, diversão conhecidíssima no Sudeste Asiático pela festa, pela adrenalina e pelo perigo.  Basicamente esta aventura consiste em jovens que descem o rio em boias enquanto vão parando em bares ao longo do mesmo. Muita bebida, muita gente, correntes fortes, rochas, dá asneira ! Em média morre mais de um turista por mês nesta aventura. Só em Janeiro deste ano morreram 2. Decidimos não ir, ainda temos muitos anos de vida pela frente, muito Mundo para percorrer. Optamos então por alugar umas bicicletas e fazer um percurso pelas aldeias que rodeiam a vila e acabamos a passar a tarde na “lagoa azul”.

Lagoa azul

Para passar a ponte tínhamos de pagar "portagem". Seguimos o caminho mais barato...
Bomba de gasolina a caminho da Lagoa Azul

Tham Phu Kham
Depois de Vang Vieng partimos para Vientiane, a capital do Laos. A cidade tem um ambiente tranquilo. Ficamos por aqui duas noites. Aproveitamos para planear os próximos 15 dias na Tailândia. Prevê-se muita, muita praia. 

De Vientiane seguimos para Nong Khai (Tailândia), onde apanhámos um comboio para Bangkok novamente. Seguem-se 12 horas numa cama num comboio nocturno. Para quem tem treino de 3ª classe em comboios Chineses, isto é um Hotel de 5 estrelas:) 

 Até à próxima!!!