sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Yangshuo

Abandonámos a cidade dos Terra cota. O próximo destino, Guilin ficava a 27 horas de comboio, e dada a reduzida diferença de preço, desta vez cedemos ao conforto e à rapidez dos aviões. No aeroporto apercebemo-nos da diferença das pessoas que estamos habituados a ver nos comboios, principalmente nos "hard seats"'. Cada vez são mais explícitos os enormes contrastes deste país. Com uma classe média de apenas 10% da populacão, vemos pessoas que aparentam bastante riqueza, mas estas são facilmente suplantadas em número pelo outro extremo, as que não conseguem disfarçar a pobreza em que vivem. Faz confusão.

Chegámos a Guilin já perto da meia-noite. Dormimos, e no dia seguinte arrancámos para o nosso verdadeiro destino, Yangshuo, a vila localizada a 45 min de Guilin.

Esta vila, normalmente escondida dos olhos redondos, esconde as paisagens mais paradisíacas que vimos no Oriente. Aqui os Chineses costumam vir passar finais de semana e férias. E é fácil perceber o porquê. Ficámos no "En attendant Godot Hostel". Pagamos cerca de 3 Eur cada um, por noite. Apesar da água fria, gostamos da relação qualidade- preço. Devido à época baixa são mais os funcionários que os hóspedes! Passámos aqui 3 dias.



No primeiro dia passeámos pela pitoresca vila de Yangshuo onde comemos a refeição mais barata das nossas vidas: Uma sopa de noodles acabada de cozinhar que nos custou 4 Yuan (cerca de 60 cêntimos). Nada mau. Ao jantar repetimos o restaurante, claro! :).

No 2º dia alugámos 2 bicicletas e fomos dar uma volta até outras vilas ali à volta. Um passeio inspirador, paisagens de cortar a respiração. Pelo caminho a Ana Rita apanhou os melhores morangos do Mundo ( Não estamos a exagerar)!




No 3º e último dia juntamo-nos com o Paul e a Karen, casal de Australianos que conhecemos no Hostel e fomos descer o rio nos barcos de bamboo, famosos aqui na zona. Após quase 30 min de negociação lá conseguimos um bom preço pela viagem. Vimos paisagens lindas, de sonho, uma das quais deu origem ao fundo da nota de 20 Yuan. 1H30 depois saímos do barco com um misto de boca aberta e sorrisos fixos de felicidade.




Nessa noite apanhamos um autocarro de 12 horas com destino a Zhuhai, cidade junto a Macau. O autocarro tem camas, mas a "optíma" condução do Chinês não nos deixa dormir totalmente descansados. Ninguém fala Inglês. Todos nos olham como se nunca antes tivessem visto alguém assim, de olhos "esquisitos".

Às 6H30 da manhã, somos acordados pelo condutor a gritar umas palavras em Chinês para os passageiros. Ainda meio ensonados, lá percebemos que é a nossa saída. No meio de nenhures, ainda de noite, saimos juntamente com os 20 Chineses que nos acompanhavam. Cá fora não há luz praticamente nenhuma ,estamos junto a umas obras, muita poeira no ar, rodeados de Chineses madrugadores. Parecemos imigrantes ilegais... Arrancámos para a fronteira de Macau que ficava ali perto.

Sobre Macau contamo-vos amanhã. Esperamos que tenham tido um óptimo Natal :)

Beijos e abraços Ana Rita e André

Mais algumas fotos de Yangshuo:





segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Ni Hao

Caros companheiros de viagem, abandonámos Pequim com destino a Pingyao, uma das cidades mais bem preservadas da antiga China. Rapidamente nos apercebemos que o frio, apesar de menos doloroso, continua a perseguir-nos. Aqui presenciámos o melhor e o pior de uma China já praticamente inexistente. Muita tradição, mas também alguma pobreza extrema, algo que ainda não tínhamos presenciado nas grandes cidades. Ficámos alojados num Hostel que há várias centenas de anos foi construído propositadamente para receber o Imperador Qing. Para nós também serviu :)

Pingyao

Pingyao

táxi chinês que nos deixou no autocarro para Xi`an

Após uma curta viagem de 6 horas num autocarro chinês, chegámos a Xi`an. Cidade conhecida pelos famosos guerreiros Terra Cota. Aqui passámos os quatro dias que se seguiram. Começámos por visitar o “Muslim quarter”. Neste quarteirão vimos Chineses muçulmanos. Não sei o que pensam disto, mas para nós era algo que nunca tínhamos imaginado. A verdade é que cerca de 3% da população chinesa é muçulmana. Muitos deles concentram-se aqui. Ruas repletas de cheiros, cores e sons que apelam a todos os nossos sentidos. Queremos experimentar tudo. Por 1,5 Eur almoçamos uma sopa “diferente” e não ficamos nada mal servidos, nada mesmo.

Muslim quarter

Muslim quarter

Xadrez Chinês, um dos desportos favoritos dos locais

No dia seguinte madrugámos para subir a uma das cinco montanhas sagradas dos Taoístas : A montanha Hua Shan. Encontrámo-nos à porta do Hostel com os nossos recentes amigos que conhecemos em Pequim e Pingyao: Yan (alemão), Rob (Canadiano) e Laura (Australiana). Ainda meio adormecidos e 3 autocarros mais tarde, encontramo-nos no sopé do Hua Shan, prontos para a caminhada. Os degraus e os trilhos esperam-nos. Nesta montanha existe a tradição de os casais apaixonados colocarem no topo da montanha um cadeado, eternizando assim o seu amor. Por via das dúvidas deixámos lá um cadeado também. Após umas horas de caminhada entre neve, montanha e paisagens únicas, atingimos o pico Este, onde nos sentámos, relaxámos e almoçámos calmamente, com vista para o infinito…

Hua Shang

Hua Shang

Hua Shang

Chega o dia de visitar o famoso exército dos guerreiros Terra Cota. E como, em equipa que ganha não se mexe, seguimos novamente os cinco. Ao chegarmos ao Museu contratamos um guia Chinês de nome Johnny ( já vos dissemos que muitos Chineses têm um nome “Western” ? ). É hilariante, ver um chinês a dizer que se chama Johnny, ou Jack ( já conhecemos uns 3 Jacks)! Após umas conversas de brincadeira o Johnny insistiu em fazer umas demonstrações de Kung Fu usando como cobaia o André. O Johnny é pequenino mas engana…no final da demonstração o André respira de alívio.

Inicia-se a visita. O exército dos Terra Cota foi construído pelo Imperador Qin Shai Huang há mais de 2000 anos. Não se sabe com certeza qual o propósito do Imperador ao construir estes milhares de guerreiros de pedra, em tamanho real, em torno do que viria a ser o seu túmulo. Acredita-se que o Imperador temia de tal modo os espíritos que o aguardavam após a sua morte que decidiu salvaguardar-se com um exército de milhares a protegê-lo. Uma das características mais impressionantes deste exército, é o facto de nenhum dos guerreiros ter a face igual.

Guerreiros Terra Cota

Foto de grupo

Ao fim de algumas horas a visita termina e recolhemos novamente para o Han Tang Inn Hostel. Nesta noite praticamos o nosso Português com um casal de mochileiros Brasileiros que conhecemos no nosso Hostel. Já há muito tempo que não falávamos Português sem ser entre nós (Ainda não encontrámos nenhum Português desde que saímos de Portugal, há quase 1 mês)!

Despedimo-nos temporariamente dos nossos amigos que seguem para Chengdu. Nós partimos para Yangshuo.


Até breve amigos…

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Welcome to Beijing!

Chegámos a Pequim! Chegámos também às temperaturas negativas e à neve. O lado positivo é que repele os turistas mais "fraquinhos"! :)
A capital da China é uma cidade bem diferente de Xangai. Apesar de possuir igualmente uma vasta população esta cidade está muito mais bem organizada.
Pequim organiza-se em torno da "Cidade proibída" , a antiga "morada" dos imperadores Chineses.

Entrada da cidade proibida

Nos bairros circundantes podemos andar pelos famosos "Hutongs", ruas antigas e estreitas, com lojas e habitações de um lado e do outro. Fizemos uma tour de bicicleta por um destes bairros talvez o maior, o mais conhecido. Vimos a china dos chineses e não dos turistas. É o que nos agrada mais ver e conhecer.
Além disto temos vários templos e palácios que merecem uma visita, sendo o Palácio de Verão provavelmente um dos melhores.


Palácio de Verão

Experiência imperdível é o famoso "Pato à Pequim" que atrai pessoas do Mundo inteiro. Gostámos, muito!
A norte de Pequim, com milhares de anos e cerca de 8000 km a muralha da China surpreende ainda mais que nas fotografias.Não desilude. O frio e a neve dão lhe um encanto especial segundo nos disseram e nós comprovámos.

Fábrice, andre, ana rita e Ian na muralha da China

Muralha da china

Mais fotos de Beijing:
Nadador nas águas congeladas de Pequim

Com a Summer, a Spring (nomes ocidentais com os quais batizamos as nossas amigas) e o Fábrice à entrada da Universidade de Beijing.

Vamos apanhar um comboio para Pingyao.

Beijinhos e abraços Ana Rita e André

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

NI HAO

Após quase 48 hs de muito balanço, enjoo e ondulação forte no ferry Su Zhou Hao acordámos no camarote ,que dividimos durante duas noites com um casal Chinês, ao som do aviso de que nos encontrávamos já no rio Huangpu, a entrar no porto de Xangai, um dos maiores do Mundo, e o mais ativo também.

Companheiros de viagem, Annaise de França e Dee de Hong Kong

Demorámos 3 horas desde que entrámos no porto até atracarmos. Desembarcámos em território Chinês debaixo de um pequeno nevoeiro que rapidamente se dissipou. Estava à nossa espera. Apanhámos um autocarro que nos deixou perto do nosso destino, o Rock and Wood International Hostel. Aí conhecemos um dos nossos parceiros de dormitório, o Wataro, o japonês de 30 anos que iniciou há umas semanas uma volta ao Mundo, de bicicleta....Sim, de bicicleta! O Wataro trabalhou no Nishiki market (mercado do peixe de Tóquio) durante 2 anos e juntou dinheiro para viajar 2 ou 3 anos, ainda não decidiu. É sempre bom conhecer alguém mais louco que nós. Inspirou-nos. Como é que não nos lembrámos disto ?? De bicicleta.. !! Já decidimos, daqui a uns anos vamos dar a volta ao Mundo... ao pé coxinho. Depois quero ver a cara do Wataro roído de inveja!
Bem, saímos para explorar as ruas de Xangai. Nunca vimos tantas pessoas juntas... são 15 milhões apenas nesta cidade. Logo de início notamos as diferenças em relação aos Japoneses. A desordem.. o caos. Dezenas de pessoas que nos tentam vender "coisas" na rua. Para atravessar a estrada é preciso 10 olhos, a olhar para todo o lado. Não há semáforo que seja respeitado. Até no passeio temos que olhar por cima do ombro para ver se não vem uma mota. É interessante e engraçado, enquanto não formos atropelados! O interesse de Xangai é sobretudo esta quantidade de pessoas todas juntas ( que já percebemos que se repete na maioría das cidades Chinesas) , e a zona de Pudong com arranha-céus incríveis que proporcionam uma vista fantástica do outro lado do rio, entre outras pequenas zonas da cidade como a "French concession" onde ainda se verificam vestígios da passagem dos Franceses por Xangai.

Arranha céus de Xangai.

Dos três dias que passámos na zona de Xangai, num deles visitámos a vila de Zhujiajiao. Uma mini-veneza a 1 hora de Xangai.

Canais de Zhujiajiao.

Já no nosso destino, ao sairmos do autocarro conhecemos as pessoas com quem acabámos por passar o resto do dia : O Enrico ( Italiano) e a Winni (Chinesa de Hong-Kong). Ambos na casa dos 40 anos, os dois novos amigos revelaram-se uma companhia ótima para o almoço e a visita a Zhujiajiao.

Almoço com Enrico e Winni

Percorremos as ruas cheias de bancas de comércio, falámos com as pessoas, entrámos em casas, e até tivémos direito a um passeio de barco por esta pequena e charmosa vila chinesa. Com a Winni a traduzir tudo o que íamos ouvindo nas ruas e o menu do restaurante as coisas tornaram-se bem mais fáceis. Aproveitámos também a oportunidade para colocar-lhe várias questões que tínhamos relativas ao povo Chinês o que originou uma conversa de almoço muitíssimo interessante e informativa. Ao fim da tarde regressámos ao Hostel para ir buscar as mochilas.

Nessa mesma noite apanhámos um comboio com destino a Pequim. Para poupar uns "Yuans" comprámos bilhetes de "Hard seat" (para "hard" people"). Ou seja, 14 horas de viagem, sentados com mais várias dezenas de chineses na mesma carruagem, onde só faltavam as galinhas. Quase com chineses ao colo, não conseguíamos dormir por causa da luz, do barulho e de muitas coisas mais... No fim fizémos vários amigos novos. Só um deles é que falava Inglês. Outro só sabia dizer: "Cristiano Ronaldo". E muitos outros que só se limitavam a rir e olhar para nós como se fossemos de outro planeta.

Chegámos vivos a Pequim. Estão 3 graus negativos. Depois contamos mais...


( Dado que não existe "Google" na China não conseguimos aceder ao Blog, logo pedimos ajuda à Mãe de um dos mochileiros para "postar" as novidades do Oriente que enviamos via email ).

O Facebook também não está disponível...

Esperemos que estejam bem, nós estamos :)


Beijos e Abraços

Ana Rita e André em Pequim e com saudades do bacalhau do "Aires".

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Balanço final do Império Japonês

Ao embarcarmos no “SU Zhou Hau” fomos percorridos por um misto de sentimentos. Por um lado deixámos para trás um país com uma cultura interessantíssima que já há muito tempo queríamos visitar. Por outro lado o Império e os seus templos estavam a “massacrar” o orçamento dos mochileiros. Fazer uma viagem de muitos meses requer muitas contas e muita contenção de despesas, mas ao mesmo tempo não é fácil resistir a visitar templos, santuários e outros locais fantásticos onde tão cedo não poderemos retornar. No entanto, o balanço é sempre positivo, sem qualquer tipo de dúvida. Estivemos 10 dias no Japão. 5 na capital, Tóquio ( um dos quais visitámos Nikko), 1 dia em Nara, 3 dias em Kyoto e mais 1 dia entre Kyoto, Osaka e embarcar no ferry que nos levou para Shangai. Todas as cidades se revelaram incríveis à sua maneira. E todas elas continham pelo menos uma mão cheia de patrimónios mundiais da UNESCO.
Tóquio com a sua vida agitada e as suas ruas iluminadas com os néons dos edifícios foi um bom ponto de partida para esta nossa aventura. Uma cidade com quase 13 milhões de habitantes e uma ordem como nunca vimos igual. No metro ninguém fala, mesmo em hora de ponta. Fechamos os olhos, e parece que viajamos sozinhos. Falar ao telemóvel é proibido e é aconselhável colocar o mesmo em modo silencioso para não incomodar ninguém. No chão há setas a indicar o sentido por onde devemos circular. Toda a gente obedece. Até nós!
Aquando da estadia em Tóquio aproveitámos para visitar o famoso parque natural de Nikko que já descrevemos anteriormente. Simplesmente espectacular. E foi ai que nos apercebemos do nosso timing perfeito ao vir visitar o Japão durante o Outono. As árvores estão nesta altura do ano revestidas por folhas com tonalidades nunca antes vistas por nós. Verdes, amarelas, cor de laranja, várias tonalidades de vermelho…

O destino seguinte foi a cidade de Nara. Para lá chegarmos tínhamos várias hipóteses. Uma primeira em que demorávamos cerca de 4 horas de comboio mas que nos custava mais de 130 Eur cada um. E a segunda hipótese que nos levou 9h30 e nos ficou por cerca de 55 Eur e poupámos uma noite no Hostel (autocarro nocturno). E como no poupar é que está o ganho, apanhámos o autocarro nocturno. O corpinho aguenta.
Nara é, a seguir a Kyoto, a cidade com o maior arquivo histórico e cultural do Japão. Na zona dos templos existem dezenas ou mesmo centenas de veados que andam por entre as pessoas à procura de comida. É onde se encontra o Big Budda Hall que achámos majestoso. Imponente.

Por fim, Kyoto que é a cidade mais procurada e não desilude. Com mais de 600 templos, Kyoto é a imagem que temos do Japão tradicional. Esta cidade foi capital do Império durante muitos séculos, como tal guarda segredos com uma história interminável de antigos Imperadores e samurais. Merece um lugar no top de cidades a visitar.




Concluímos este último relato relativo ao Japão com o melhor do que encontrámos por lá, o povo japonês. Nunca, em lado algum, nenhum de nós conheceu um povo com um sentido cívico tão elevado e com um respeito e uma educação invejáveis. Sempre dispostos a ajudar, mesmo não dominando bem a língua Inglesa, esclareceram-nos sempre que foi preciso. Além disso, revelaram-se um povo extremamente culto, interessante e interessado, o que é sempre interessante…
Espero que com isto vos tenhamos deixado com vontade de visitar o Japão. Vale a pena…